Antes de mais nada, um disclaimer: sim, eu sei que o Floodcast praticamente desapareceu da face da Terra. Por motivos de força maior, não pudemos gravar nas últimas semanas. Dia das Mães, casamentos, feriados, e um bocadinho de preguiça nos impediram de cumprir o combinado. E por isso, peço desculpas. Mas prometo que a situação será remediada em breve.
Muito bem, vamos ao assunto em questão. E qual seria o assunto em questão?
Vou dizer uma coisa: a semana foi interessante. Como um bom nerd, fiz questão de ver o filme na quarta-feira. Queria ver na primeira sessão, 18:50h, mas ficaria apertado pra patroa. Então, tive que me contentar com a sessão de 20:50h. Na expectativa há 19 anos, me preparei o mês todo, ralando bastante pra poder tirar a quarta-feira de folga e assistir a trilogia na seqüência (na nova LCD 32", aliás... :P ).
E como vocês podem ver ao lado, saí como um verdadeiro fã. Sim, a camisa também é do Indy. :)
E como eu disse, a semana foi interessante. Vi o filme na quarta e viajei na quinta de manhã. Fiquei longe de casa até domingo. E quando cheguei, encontrei vários e-mails e recados na secretária querendo saber o que eu tinha achado do filme.
Pois bem, não sei explicar exatamente qual é a sensação... Acredito que fãs do Rocky, do Rambo e do John McClane devem fazer idéia.
Obviamente, quando se é fã doente como este que vos escreve, por mais que se tenha fé, o produto final nunca vai chegar à altura do que se imagina. Então, fica a esperança de, pelo menos, honrar a série.
E "Reino da Caveira de Cristal" consegue isso. É muito bom ver Indiana Jones de volta ao seu merecido lugar, a tela grande. Toda uma geração entrando no cinema hoje encara Indiana Jones como material de Sessão da Tarde (ou pior, já que as últimas reprises jogaram "Caçadores" na Temperatura Máxima e "Templo" no Domingo Maior), e pode considerar lentas as cenas de ação, se comparadas aos blockbusters atuais, como Transformers, Homem de Ferro, Speed Racer ou, num clima mais "ação", a série do agente Bourne. Porém, esse é justamente um dos trunfos do filme. Steven Spielberg fez questão de permanecer fiel às raízes. Usou cenários e acessórios reais onde possível e manteve o uso de efeitos digitais num mínimo. Quando ocorre uma luta, você vê exatamente quem está batendo em quem. Numa perseguição motorizada, você é capaz de identificar sem problemas o que está acontecendo do início ao fim. O filme está com a mesma cara de 20 anos atrás, chegando ao ponto de utilizarem a versão clássica do logo da Paramount. As atuações estão muito boas: parece que Harrison Ford continuou treinando em casa esse tempo todo, pra não esquecer os trejeitos do personagem, e ainda consegue levar um soco como ninguém. Karen Allen deve ter ficado marcada a vida inteira pelo papel de Marion, e parece que isso não lhe incomodou nadinha. O novo queridinho de Hollywood, Shia LaBeouf, me incomodou bem menos do que pensei que me incomodaria. Não é possível falar muito dele por causa de inevitáveis spoilers, mas é bom notar que sua cena com os macacos foi sofrível. Cate Blanchett como a vilã... Bleh. Não teve o mesmo carisma que seus antecessores, mas também, é difícil chegar aos pés vilanescos de Belloq ou Mola Ram. Na verdade, não chegou nem aos pés da sem sal Alison Doody. E Ray Winstone, John Hurt e Jim Broadbent, apesar de serem excelentes atores, só deixam bem claro a falta que fazem, respectivamente, o Sallah de John Rhys-Davies, o Henry Jones de Sean Connery e o Marcus Brody de Denham Elliot. Todos os três saudosos coadjuvantes têm "desculpas oficiais" pra não estarem presentes: de acordo com George Lucas, como a história não chegou perto do Oriente Médio, não tinham por que escalar Sallah (o que, na minha opinião, é uma palhaçada. Ele podia muito bem ter se mudado pros EUA nos anos 40 e ter ajudado Indy na guerra ou algo assim.); Sean Connery preferiu não sair da aposentadoria, e o papel de John Hurt foi criado às pressas (assim dizem os boatos, e estou inclinado a lhes dar razão, porque a participação dele realmente parece meio forçada); e Denham Elliot infelizmente faleceu em 1992 de complicações relacionadas à AIDS.
Quanto à história... Bom, digamos que o roteiro tem acertos e defeitos. É sabido que desde a pré-produção de "Última Cruzada" que George Lucas procura um jeito de usar a Caveira de Cristal como o McGuffin da vez, e só conseguiu aqui. Ele já tinha conseguido mencioná-las no seriado da TV, "The Young Indiana Jones Chronicles", em vários dos livros prequels do personagem e na atração do parque Tokyo DisneySea. Mas pode-se dizer que este foi mesmo o melhor momento: como o filme se passa nos anos 50, eles resolveram homenagear as os filmes B de ficção-científica da época, assim como "Caçadores" foi uma grande homenagem aos seriados de aventura dos anos 30. Agora, não sei se é realmente a minha opinião sincera ou se é simplesmente a nostalgia falando mais alto, mas por mais que a trilogia tenha molhado os pezinhos no sobrenatural em certos pontos, nada pareceu tão forçadamente exagerado quanto o climax deste filme. Inclusive, sou capaz de colocar minha mão no fogo ao afirmar que todos os pontos problemáticos que me incomodaram no filme devem ter sido obra direta de George Lucas. Quem não tem boas lembranças da Nova Trilogia de Guerra nas Estrelas faz idéia do que estou dizendo.
Outra coisa que me decepcionou foi o uso dos animais. É uma característica da série a "cena dos animais": no primeiro temos o poço das cobras, no segundo o corredor dos insetos e no terceiro os ratos das catacumbas. Neste filme, são formigas. Infelizmente, a cena não cria a mesma ânsia das suas antecessoras simplesmente porque as formigas são obviamente falsas, digitais. Além disso, a inclusão da já mencionada cena dos macacos e algumas marmotas inseridas no início do filme servem pra prejudicar 90% das participações animais. É claro que temos uma cobra, e é uma ótima cena, ainda que, mais uma vez meio forçada.
Na verdade, "forçado", e sinônimos do termo, tem sido muito usado quando se discute RCC. E sinceramente, não sei dizer se foram erros da equipe ou se realmente esse foi o clima que tentaram passar (ainda ligado ao clima trash do cinema dos anos 50). Se for esse o caso, eu diria que não funciona muito bem com a série. Os diálogos parecem fiéis, assim como toda a caracterização do Indy. O filme sabe mesclar aventura, ação, comédia e drama na dose certa, assim como os antecessores. Agora, também é fato que eles passaram por vários roteiros até chegar nesse, escrito por David Koepp (roteirista de Jurassic Park e O Mundo Perdido, Missão: Impossível, Homem-Aranha e Guerra dos Mundos, entre outros) e que tanto Lucas quanto Spielberg e Ford concordaram. Antes dele, o roteiro que chegou mais perto de ser filmado foi o de Frank Darabont, que já havia escrito vários episódios do seriado de TV. Sua versão foi aprovada por Spielberg e Ford, mas não por Lucas. E eu fico pensando... Se George Lucas é quem estava tão desesperado por certas referências, digamos... alienígenas... no filme, será que os roteiros que ele recusou não teriam sido melhores?
Mas não adiantar chorar pelo que não foi. Este é o filme que temos, e que estreou no último fim de semana no mundo inteiro. O veredito final? Não sei dizer. Pois é, mesmo depois dessa longa postagem. Preciso ver mais umas duas vezes pra afirmar com certeza. Afinal, até agora só assisti com os olhos do garoto de 10 anos que já tinha gasto suas cópias de "Caçadores" e "Templo" em VHS, que pôde ver "Cruzada" na tela grande, que comprou a trilogia em vídeo original ao viajar pros EUA mesmo sem saber patavina de inglês e que sabia recitar todos os três filmes praticamente junto com os personagens. Agora que já satisfiz minha espera de 19 anos, preciso ver de novo, dessa vez como se fosse um "mero filme", pra realmente apreciar a história.
Mas posso afirmar sem pestanejar: julgue por você mesmo. Assista o filme no cinema. Como eu disse, por mais que seja falho, ainda é Indiana Jones. E logo no início, quando ele apanha o chapéu no chão e você vê a silhueta contra um carro do exército, já dá pra sentir o que vem por aí, e um sorriso se espalha pelo seu rosto: Indiana Jones está de volta, e no lugar de onde nunca devia ter saído. Um dos taglines de "Templo" era: "Se a aventura tem um nome, deve ser Indiana Jones". Não se fazem mais filmes (ou taglines) como essa.
Pois é. A aventura tem um nome de novo.
Lazerion: Wand Raiser
Há 6 horas
2 comentários:
Oi, Rodrigo, é a namorada do João quem está postando um comentário... Adorei o seu post! Tô impressionada do qto vc é fã do Indiana. =D
Eu tb curto muito esse personagem natural do Harrison Ford e claro que fui assistir o filme no dia do lançamento oficial... Gostei bastante da história mas senti falta de alguma coisa, não sei dizer ao certo o que. No entanto, apesar disso, me diverti à vera curtindo o retorno de um personagem que participou da época de muito marmanjão, como nós!
Abraços!
Indiana Jones é incontestável mesmo! hehehe Eu adorei o filme, mais até do que a Érica aí em cima! :-P
Acho que fiquei mais fanático ainda agora. rsrs Tudo o que quero agora é um chapéu iguala esse que você tem aí! hahaha Onde conseguiu? Estava procurando e não achei... rsrs Abraços!
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